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sábado, dezembro 03, 2005

A evolução do conceito da apanha da fruta - Como era ontem e como será amanhã!

Remonta às nossas origens a apanha da fruta. Há quem diga que a apanha da fruta tinha como objectivo a recolecção da dita para efeitos alimentares. Eu discordo, por inúmeras razões, que não vou enumerar, uma vez que, se assim fosse, não seriam inúmeras. Parece que foi ontem que a apanha da fruta era considerada um evento social. Os pais apanhavam a fruta e levavam os filhos a aprender o ofício que, por sua vez, se encontrava na família há gerações e gerações. Neste caminho de aprendizagem, os filhos dos "apanhadores"*, à medida que trabalhavam, tinham oportunidade para se conhecerem uns aos outros e, quem sabe, travar amizades, com a esperança que estas durassem para a sua vida inteira.

No entanto, é necessário apontar as falhas deste sistema que, como explicado anteriormente, se apresenta perfeito. Nesta altura os casamentos eram combinados entre as famílias, de forma a manter a integridade destas, isto é, quem tinha nascido numa família cuja tradição era apanhar maçãs não poderia nunca casar com alguém que fosse mais dado a pêssegos.
Hoje em dia, a apanha da fruta sofreu uma enorme evolução, mais notória, de facto, nas últimas décadas do século passado.
Posso afirmar, com certeza, que a minha geração esteve intimamente ligada a esta evolução. Quem é que não se lembra da grande cheia de mil nove e nove sete? Nesse grande ano, foi um previlégio apanhar uvas, oh e que uvas. Apenas as famílias mais abastadas é que puderam manter a tradição de mandar os filhos e, por vezes, os amigos para a tão conceituada e importante apanha da fruta! Quem é que não se recorda de como foi boa essa temporada, da inveja que os outros tinham por apresentamos produção de melanina em excesso e as mãos "fashionmente" calejadas*?

Moral: Hoje em dia a tradição já não é o que era!


*Apanhadores - Nome carinhoso pelo qual os responsáveis pela recolecção da fruta e saneamento dos pomares são tratados na província.

Fashionmente - Estrangeirismo para incrivelmente fixes (no contexto, claro)