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terça-feira, outubro 18, 2005

É tão fácil ser-se desiludido I

Mais uma série de posts sobre "É tão fácil". Penso que esta série deveria, claramente, ser das primeiras, uma vez que é mesmo fácil ser-se desiludido. Em primeiro lugar, se formos seres com grandes expectativas em relação a alguma coisa, por muito perto que nos encontremos do nosso objectivo, sairemos, inequivocamente, desiludidos. Se, por outro lado, acreditarem demais em nós, ou nos nossos propósitos, tornar-nos-emos uma ínfima parte da desilusão em si.
Mesmo quem pertença à equipa de Ricardo Reis, e defenda fervorosamente a ataraxia e "filosofias" análogas, se é que se pode se chamar uma corrente filosófica a um pensamento?, pertence de forma ainda mais óbvia, ao grupo dos decepcionados. Ao reagir a qualquer tipo de desilusão, refugiam-se nas máximas epicuristas e estoicistas, tais como a fuga a dor pela apatia, promovendo a tranquilidade capaz de evitar a perturbação, e apresentando uma total indiferença face às paixões e à dor.
Por vezes o mais simples é mostrar que não nos encontramos desiludidos e seguir estas máximas expressas por Ricardo Reis em poemas como "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio". Ao pensar neste tema lembro-me sempre de "Tabacaria", de Álvaro de Campos, um dos poemas mais extraordinário dos heterónimos e mesmo de Fernando Pessoa ortónimo.
Qual destes pontos de vista será o mais acertado?
À medida que o tempo vai passando talvez sejamos capazes de encarar tudo com mais maturidade. No entanto, como é que se pode falar no plural quando apenas uma das partes se sente desiludida? Será que as pessoas têm noção da maneira como se interelacionam umas com as outras e quais as suas consequências?
After all, o que é que se passa convosco, pessoas?
Pequeno aparte em letras pequenitas: Parece-me que o monólogo não seguiu o rumo que esperava! Começo por falar em desilusão, expectativas e formas de reagir epicuristas e estoicistas e acabo por falar de algo de que, apesar de estar sempre a ter de lidar com, (nunca) tinha pensado de forma coerente. Esse desvio (necessário), talvez tenha servido para mostrar que o tema da conversa até era, até então, o expresso no título. Curioso! Nos últimos dois parágrafos interliguei os dois temas inconscientemente, não?
Grande aparte em letras pequenitas: É engraçado analisar um post pós-postagem (gostaram da aliteração??). Deveras!

8 Comments:

Blogger Pyny said...

A temática d mês no "A.M.T.E.U.A" (é mais fácil escrever só a sigla) é deveras interessante! O pastor de ideias também era um senhor caricato, mas continuo a preferir Álvaro de Campos e Fernando ortónimo;)

8:42 da tarde  
Blogger Alberto Oliveira said...

Pyny:

Se tu calculasses a amálgama de sentimentos que este teu post originou na minha pessoa, passarias os próximos dias em completo jejum. Nem numa bejeca os teus lábios tocariam...
Tu o afirmas, e te penitencias, que o monólogo não seguiu o rumo que esperavas (estou a citar de memória).
A primeira vez que aqui atraco e sou logo recebido deste modo; de monólogo e sem rumo!. Não esperava por esta!
Termino com umas letras da minha lavra:

Vem sentar-te comigo Lídia
à beira do rio*, ao meu colo;
tu és o nome da perfídia
não me creias assim tão tolo.

*Até aqui, pedidas emprestadas ao Ricardo. Quando quiserem mais é só pedir. Preços moderados sem recibo.

6:22 da tarde  
Blogger O-ren Ishii said...

nao conhecia o poema "a tabacaria", adorei !!! =)

12:20 da manhã  
Blogger Pyny said...

Ainda bem que gostaste do poema! Gosto mesmo imenso O-ren-ishii!

Sem recibo? Sinto-me tentado!

11:29 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Nao costumo gostar d blogs, mas obrigaram me a escrever um comentario... gostei vcs escrevem bem, e obrigado por ter a opurtonidade de ler algo tao engrçado

9:00 da tarde  
Blogger Pyny said...

Ainda bem que gostaste. Fico contente por gostares de um projecto como o nosso! (Suponho que não assines o próximo comentário?) :P

9:04 da tarde  
Blogger Alberto Oliveira said...

Pyny:

Se estavas a "falar"comigo, claro que volto...

9:16 da tarde  
Blogger Pyny said...

N sei. Estaria? LOl..pareço aqueles que aparecem em todos os filmes e só respondem com perguntas, para se fazer interessantes. Estava a falar com o anónimo que comentou depois de ti. Tenho sempre a curiosidade aguçada no que toca a comentários anónimos. De ti espero mesmo que voltes. Tambem tenho andado pelo teu blog. Muito obrigado pelo comentário;)

(Para legível)

9:25 da tarde  

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